O que motivou esse texto foi o comentário no post abaixo. O autor do comentário falou de redução do Estado enxugamento da máquina pública, aquela receita neoliberal tão familiar por aqui. Para continuar dialogando, começo dizendo que ele “tem razão, pois, temos que perseguir a construção de uma sociedade sem Estado”, (pensando eu, no fim das classes sociais e da propriedade privada, quando então, ele não seria necessário), encaminhando para o verdadeiro debate sobre o que nos interessa.
A postagem tratava sobre a relação da privatização da CIA Vale do Rio Doce nos anos de 1990 e o dois rompimentos das barragens causando danos ambientais e a morte de centenas de pessoas, pois, mais do que pensar o caso isolado dessa empresa, o questionamento é do projeto de nação que nos parece apostar no desmonte para abrir espaço que possibilita a rapinagem pelos setores financeiros e empresariais, e em grande medida de corporações estrangeira, em suma, orientar a politica da coisa pública para a lógica do lucro em detrimento do povo. Ou seja, privatizar geral.
Ao longo de muitos anos foi disseminada a narrativa que o Estado e a máquina pública são muito pesados, o que seria então o responsável por todos os males da economia e da vida das pessoas, e essa ideia nos foi imposta como sendo pensamento único, por exemplo, na era FHC. Vivemos um momento difícil para fazer o debate neste canto do mundo em que este, simplesmente se fecha se alguns nomes forem citados, assim como, algumas obras, conceitos e categorias cientificas, assim, só nas entrelinhas é possível situar os autores de o capital, A Ideologia Alemã e a Contribuição a critica da economia crítica, e a Origem da família da Propriedade Privada e do Estado, bem como a análise de Lenin da Obra de Marx e Engels e a ideia de Ditadura do proletariado, abrindo caminho para o fim do Estado.
O post na rede social:
Para o capital, sua vida não Vale nada
Publicado em 26 de janeiro de
2019 por DEGA
Temos que fazer a necessária
relação das centenas de mortes em Mariana e Brumadinho à privatização da Vale
do Rio Doce no passado e os vários governos que foram e são partidários dessa
entrega do patrimônio nacional.
Uma Empresa pública tem compromisso com a população, quando tornada de
economia mista ou privatizada tem compromisso com a obtenção de lucro acima de
tudo.
Os comentários no post:
“Quanto maior o Estado maior a
corrupção”
“A redução do estado interessa a
quem vai ter dinheiro para realizar o serviço a qual o estado prestava”
“Vc não vê o que acontece com os
correios e a Petrobrás”*
Observação: A Petrobras é uma empresa que criada em 1953, manteve uma politica de preços regulada pelo governo para permitir o acesso dos produtos a toda a população, recentemente ela foi tornada empresa de economia mista e a política de preço passou a variar de acordo com o mercado internacional para atender aos interesses de lucro dos acionistas, isso levou à paralisação do pais com a greve dos caminhoneiros e milhares de acidentes de queimaduras devido ao preço proibitivo do GLP.
Olá nome, como vai?
De fato tem razão, devemos perseguir um estágio em que não haja a necessidade de Estado, uma vez, que ele não é natural da sociedade humana e aparece imposto de fora para dentro delas a partir de um momento na História. Isso nos é ensinado em várias obras, como a Origem da Família e outras de cunho cientifico. Mas é importante ter claro que a corrupção é inerente do capitalismo, e debater somente a corrupção como um fim em si mesmo é inútil, devemos, portanto, ter claro que o nosso objetivo é a derrubada do Estado Capitalista, passando num primeiro momento pelo controle da máquina do Estado que aos poucos vai sendo então desmontado os seus pilares, até que ao final de um longo processo não precisaríamos mais dele.
O debate no post é um pouco mais tático. No inicio da década de 1990, foi desencadeada uma intensa propaganda que demonizava tudo que era público, tentava-se convencer a população que o Estado brasileiro era muito pesado e que nele nada nem ninguém prestava nem funcionava, toda essa campanha, tinha por traz as rodadas do Consenso de Washington que “recomendava” as “feitiçarias neoliberais” a que os governos se filiaram e aplicaram a cartilha como afirma Atílio A. Boron em os novos Leviatãs. Foi o momento das Privatizações da Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional e um conjunto de outras. Em nada a entrega dessas empresas tinha a ver com a melhoria da qualidade de vida do povo, visava sim reorientar o fluxo de riquezas enviadas da periferia para o centro do Capital que tinha sofrido um decréscimo em fins da década de 1970 e 1980 (Ver Os Sentidos do Trabalho, Ricardo Antunes).
Ainda, analisando outra questão, porque o discurso de Estado pequeno acaba sendo aceito por uma grande parcela de pessoas?
Aqui temos que perceber que está em curso um segundo momento da agenda iniciada com as privatizações. A redução do tamanho do Estado e um conjunto de ideias vêm sendo vendida pelos adeptos da Escola de Chicago (Para eles o mercado é o Deus máximo) como sendo o ideal para nossas vidas. Convencendo as pessoas dessa necessidade, ficou mais fácil aprovar a PEC 95, congelamento dos gastos públicos por 20 anos (o dinheiro irá para o superávit primário, isso não é uma espécie de corrupção legal promovida pelo Estado brasileiro?), O desmonte do Sistema Único de Saúde, em sintonia com os interesses do setor privado, e o objetivo principal, o desmonte do sistema de aposentadorias dos regimes gerais e próprios, Para que os banqueiros possam entrar e explorar esse setor.
Tem outra reflexão a ser feita, no Brasil não vimos funcionar plenamente o Welfare State, como em outros cantos do mundo, portanto, esse debate é no mínimo estranho, porque, ao invés de diminuir, as pessoas tinham que exigir o aumento da oferta dos serviços a elas prestados.
Portanto, a pergunta que temos que fazer é:
A quem interessa nesse momento o slogan de redução do tamanho do Estado?
*A Petrobras empresa petrolífera brasileira sofre com uma forte narrativa desfavorável para posterior privatização, o mesmo ocorre com os correios.
Diógenes B. Freitas